domingo, 23 de novembro de 2008

DESABAFO DE UMA PROFESSORA
Nesse momento de incertezas, de angústias, quando me pergunto a quem recorrer, dá uma vontade danada de gritar.
É por isso que recorro a internet, não sei se alguém vai ler ou não, mas é um desbafo que faço, em busca de justiça. É preciso que saibam o que está acontecendo neste momento com os professores e governo.
Sou professora há 28 anos, sempre em sala de aula, e amo muito a minha profissão, mesmo lutando contra as dificuldades nunca pensei em trocar de profissão, como muitos fazem, seria mais fácil abandonar o magistério e deixar que outros colegas lutassem, mas não ficaria com a minha consciência tranqüila, prefiro ficar e lutar pela melhoria da educação em nossas escolas.
Enfrentamos um momento de autoritarismo que nunca tinha vivido antes, nem mesmo na época da ditadura, quando a governadora, por questão de pura intransigência, se nega a negociar com os professores para que possamos voltar às aulas sem descontar os dias parados, para que essas faltas não venham a nos prejudicar futuramente quando for a época da aposentadoria. Já nem falo em licença prêmio, por mais que tenhamos direito, faz muito tempo que os professores não usufruem desse benefício, pois o governo não autoriza que se tire licença prêmio. É apenas mais um exemplo do que acontece com os direitos que temos, mas o governo não permite que possamos usufruir.
A senhora governadora fala que o magistério tem que ser tratado da mesma forma que as demais classes, tudo bem, mas ela esquece que os professores sempre recuperam os dias parados, mesmo que para isso seja preciso trabalhar em nossas férias. Chamo de FÉRIAS, apenas porque não preciso ir à escola, porque férias mesmo, teria que ser um período onde o professor pudesse sair, passear, viajar, mas com o salário que temos isso não é possível. Mas não quero falar sobre questões financeiras, pois a greve atual não é para se discutir aumento salarial, mas sim para que seja cumprida a Lei Federal que nos proporciona um piso salarial e para que não se tire os direitos conquistados ao longo dos anos, que resultou no nosso plano de carreira que temos hoje, o qual a governadora quer mudar tirando nossos benefícios conquistados com muita luta.
A população no geral é contra que se faça greve, dizem para usar outros recursos, mas pergunto que outro recurso? Num governo que não se consegue dialogar, pois sempre se recusou a receber o Cpers, que é o sindicato que representa os professores.
Pergunto ainda: Se não fosse através de greves, qual o governo que perceberia que os professores também precisam de aumento? Mesmo que não seja o mesmo índice de aumento que outras classes ganham e que não precisam lutar para conseguir.
Se não fosse através da greve, quem saberia que a governadora colocou na Câmara um projeto que vem em prejuízo do professor e lutaria para que isso não acontecesse?
Quem sabe que a intenção da governadora, para o próximo ano, não é aplicar os 35% em educação como está na lei? O que a população vai fazer para que ela cumpra com a lei?
Será que vamos aceitar um governo ditador que decide entre quatro paredes o que vão fazer ou deixar de fazer e o povo vai apenas abaixar a cabeça e aceitar?
Quando falo em 35% de investimento na educação é bom lembrar que isso não é aumento salarial para o professor, mas sim é para melhoria em nossas escolas que encontram-se sucateadas, algumas em péssimas condições, sem falar nos repasses para as escolas que cada vez vem diminuindo a ponto de não ter como comprar merenda para os alunos.
Cada governo que assume se preocupa menos com a educação, mas este é o pior de todos com certeza. E por que isso? Porque o povo não cobra dos políticos depois que eles assumem seus cargos depois de eleitos. Quando os professores fazem uma greve, é muito raro ver pais ou alunos juntos, lutando exigindo do governo uma postura de respeito para com a educação. O dia que houver essa união, com certeza o governo vai pensar muito antes de tomar decisões arbitrárias que não sejam em benefício ao povo.
Para finalizar, estou fazendo um pedido se socorro, que alguém olhe por nós, não é possível que nos deixem nas mãos de um governo autoritário, que por “birra”, não quer fazer um acordo, tomando atitudes claras de apenas nos prejudicar, pois não tem outra explicação. Queremos voltar para a escola, queremos recuperar as aulas, como sempre foi feito, então por que toda essa situação? É por maldade? Por intransigência? É esse o jeito novo de governar?
Obrigada por pelo menos me ouvirem.

Professora Gislaine Lorencena

Um comentário:

Unknown disse...

Oi colega! Sou uma professora aposentada, que trabalhou na Esc. Annes Dias e no Hildebrando também. Ao ler teus desabafos, me identifiquei muito com o que estás sentindo. Participei de todos os movimentos durante o período em que estava na ativa. Lutei com muitos colegas para conseguirmos as vitórias e algumas vantagens. E agora, ver que este governo está querendo desestruturar tudo pelo que lutamos? Não podemos deixar que isso aconteça. Todos vão sofrer as conseqüências dos atos insanos de uma pessoa que está só pensando em resolver "a sua moda" os problemas que o estado vem apresentado desde muitos anos, para MOSTRAR que foi é uma administradora capaz mesmo que isto signifique sacrificar e prejudicar uma classe, entre tantas outras, que sempre conseguiu suas vitórias nas lutas, de cabeça erguida, com muita honra. Uma classe que nunca se recusou a compensar em qualquer tempo os dias parados e que é uma força viva e forte no seio da sociedade, informando,formando, motivando, incutindo no seu aluno a vontade de se tornar um cidadão capaz de lutar sempre por seus ideais. De levar adiante a luta pelas conquistas do que é de direito, valorizando a caminhada dos que o antecederam e demonstrando caráter na valorização do trabalho honesto, justo e digno que todo ser humano merece. Um abraço solidário, Marilu B. Ogliari