domingo, 23 de novembro de 2008

O QUE SERÁ DO POVO GAÚCHO?
Ultimamente tenho me perguntado muito isso: O que será do povo gaúcho? Onde anda aquele povo heróico e aguerrido? Sim, porque quando vejo na televisão, em jornais, os absurdos realizados pelo governo e olho a minha volta esse povo tão sofrido, correndo de um lado para outro, com a única preocupação de sobreviver, não poderia ser de outra maneira, vem outra pergunta: Será que não é isso que o governo quer mesmo? Sim, porque cansado, o povo não tem tempo de prestar atenção no que está acontecendo ao seu redor. Quando chega a noite, fatigado, senta em frente a TV e quais notícias que assiste? Eleições nos Estados Unidos, crimes, guerras entre gangs pelos pontos de drogas, assaltos, seqüestros, corrupção, futebol e outras coisas. Mas e as notícias como: Onde estão sendo aplicados os impostos? Políticos prestando contas de seus atos? Apresentação dos projetos, pelo governo, nos mostrando onde estão investindo o que a lei determina, na educação, saúde, segurança, e assim por diante? Será que isso interessa mesmo?
Será que o povo não tem tempo ou não quer enxergar o que está acontecendo. A governadora deu um aumento considerável para seus secretários e para si mesma, seu salário passou a ser de R$ 17 mil por mês, eu nem consigo me imaginar ganhando isso por mês, alguém vai dizer: mas ela é a governadora! Tudo bem, ela tem suas RESPONSABILIDADES, concordo, não tiro seu mérito, mas por que ela é contra um professor ter como piso R$ 950 reais? Por que ela é contra, em cima desse piso, o professor ter suas vantagens? Será que o professor não tem responsabilidades em suas mãos também? Será que o professor, consciente da função que desempenha, não precisa investir em sua formação? Não quero ganhar de salário o mesmo que a governadora, apenas o que está na lei. Cobram tanto do professor em termos de qualidade, mas quais as condições dadas para isso?
Será que o povo sabe que o governo tem que investir, 35% do orçamento em educação, e que isso está na lei? Será que esse povo se preocupa com isso, já que ele enfrenta tantas dificuldades no seu dia? Será que, apesar do cansaço, ele sabe que se lutasse agora, para que o governo cumpra com o que determina lei, seus filhos teriam um futuro melhor?
Sempre tenho a impressão que quando tem uma greve no magistério, como essa que estamos vivendo agora, a população se posiciona contra, felizmente não são todos, mas a maioria, talvez porque a preocupação do governo seja desde o início colocar a opinião pública contra os professores, assim enfraquecendo o movimento. Por quê? Agora imaginem um movimento forte, com toda a comunidade, principalmente pais e alunos juntos, cobrando, exigindo, nem precisa dizer quem sairia ganhando e quem sairia perdendo. E isso é um bom negócio para o governo? Sei que alguns vão dizer por que falo dos pais e alunos estarem juntos conosco se muitos professores não participam da greve! Infelizmente tem colegas que não estão em greve mesmo. Por quê? Talvez medo, acomodação, desiludido, e muitos outros motivos assim como o povo em geral. Mas, por isso que pergunto novamente: O QUE SERÁ DESSE POVO?
Que bom, se o magistério não precisasse fazer greve para se fazer ouvir, para lembrarem que o professor precisa ter aumento salarial como outra classe qualquer, não precisasse fazer greve para fazer valer seus direitos, que estão na lei e que assim mesmo querem nos tirar. Se não são as greves quem vai se comprometer e olhar pelo magistério? Quem se compromete em não deixar que injustiças sejam feitas, desmandos sejam cometidos?
Será que é preciso dizer que um povo educado, não tem grandes problemas com saúde, com segurança? O problema é que, para se investir de verdade em educação, é preciso dinheiro, e os resultados não são imediatos, se percebe resultados a médio e longo prazo, o que não interessa aos políticos.
OUTRA PREOCUPAÇÃO MINHA: SERÁ QUE O GOVERNO JÁ PERCEBEU QUE PODE PINTAR O SETE, FAZER E ACONTECER, MANDAR E DESMANDAR, QUE O POVO NÃO VAI SE MANIFESTAR?
DESABAFO DE UMA PROFESSORA
Nesse momento de incertezas, de angústias, quando me pergunto a quem recorrer, dá uma vontade danada de gritar.
É por isso que recorro a internet, não sei se alguém vai ler ou não, mas é um desbafo que faço, em busca de justiça. É preciso que saibam o que está acontecendo neste momento com os professores e governo.
Sou professora há 28 anos, sempre em sala de aula, e amo muito a minha profissão, mesmo lutando contra as dificuldades nunca pensei em trocar de profissão, como muitos fazem, seria mais fácil abandonar o magistério e deixar que outros colegas lutassem, mas não ficaria com a minha consciência tranqüila, prefiro ficar e lutar pela melhoria da educação em nossas escolas.
Enfrentamos um momento de autoritarismo que nunca tinha vivido antes, nem mesmo na época da ditadura, quando a governadora, por questão de pura intransigência, se nega a negociar com os professores para que possamos voltar às aulas sem descontar os dias parados, para que essas faltas não venham a nos prejudicar futuramente quando for a época da aposentadoria. Já nem falo em licença prêmio, por mais que tenhamos direito, faz muito tempo que os professores não usufruem desse benefício, pois o governo não autoriza que se tire licença prêmio. É apenas mais um exemplo do que acontece com os direitos que temos, mas o governo não permite que possamos usufruir.
A senhora governadora fala que o magistério tem que ser tratado da mesma forma que as demais classes, tudo bem, mas ela esquece que os professores sempre recuperam os dias parados, mesmo que para isso seja preciso trabalhar em nossas férias. Chamo de FÉRIAS, apenas porque não preciso ir à escola, porque férias mesmo, teria que ser um período onde o professor pudesse sair, passear, viajar, mas com o salário que temos isso não é possível. Mas não quero falar sobre questões financeiras, pois a greve atual não é para se discutir aumento salarial, mas sim para que seja cumprida a Lei Federal que nos proporciona um piso salarial e para que não se tire os direitos conquistados ao longo dos anos, que resultou no nosso plano de carreira que temos hoje, o qual a governadora quer mudar tirando nossos benefícios conquistados com muita luta.
A população no geral é contra que se faça greve, dizem para usar outros recursos, mas pergunto que outro recurso? Num governo que não se consegue dialogar, pois sempre se recusou a receber o Cpers, que é o sindicato que representa os professores.
Pergunto ainda: Se não fosse através de greves, qual o governo que perceberia que os professores também precisam de aumento? Mesmo que não seja o mesmo índice de aumento que outras classes ganham e que não precisam lutar para conseguir.
Se não fosse através da greve, quem saberia que a governadora colocou na Câmara um projeto que vem em prejuízo do professor e lutaria para que isso não acontecesse?
Quem sabe que a intenção da governadora, para o próximo ano, não é aplicar os 35% em educação como está na lei? O que a população vai fazer para que ela cumpra com a lei?
Será que vamos aceitar um governo ditador que decide entre quatro paredes o que vão fazer ou deixar de fazer e o povo vai apenas abaixar a cabeça e aceitar?
Quando falo em 35% de investimento na educação é bom lembrar que isso não é aumento salarial para o professor, mas sim é para melhoria em nossas escolas que encontram-se sucateadas, algumas em péssimas condições, sem falar nos repasses para as escolas que cada vez vem diminuindo a ponto de não ter como comprar merenda para os alunos.
Cada governo que assume se preocupa menos com a educação, mas este é o pior de todos com certeza. E por que isso? Porque o povo não cobra dos políticos depois que eles assumem seus cargos depois de eleitos. Quando os professores fazem uma greve, é muito raro ver pais ou alunos juntos, lutando exigindo do governo uma postura de respeito para com a educação. O dia que houver essa união, com certeza o governo vai pensar muito antes de tomar decisões arbitrárias que não sejam em benefício ao povo.
Para finalizar, estou fazendo um pedido se socorro, que alguém olhe por nós, não é possível que nos deixem nas mãos de um governo autoritário, que por “birra”, não quer fazer um acordo, tomando atitudes claras de apenas nos prejudicar, pois não tem outra explicação. Queremos voltar para a escola, queremos recuperar as aulas, como sempre foi feito, então por que toda essa situação? É por maldade? Por intransigência? É esse o jeito novo de governar?
Obrigada por pelo menos me ouvirem.

Professora Gislaine Lorencena